Revolução demográfica: Explosão de cuidadores de pessoas idosas no Brasil envelhecido

Geni Costa | Fotos Divulgação
Brasil, antes considerado um país de jovens, vive hoje, uma revolução demográfica sem precedentes.
Com o avanço da medicina e a melhoria das condições, sejam elas ambientais, sociais e econômicas, a expectativa de vida da população aumentou, significativamente.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a população com 60+ já ultrapassou os 15% do total e deve continuar crescendo. O número de pessoas idosas no Brasil, pode exceder o de crianças e adolescentes até 2030. Projeções indicam que, até 2050, aproximadamente, 31,8% dos brasileiros estarão nessa faixa etária, o que representa cerca de 70 milhões de pessoas idosas. Esse crescimento coloca o Brasil em um cenário de envelhecimento populacional comparável aos países desenvolvidos, os quais, se enriqueceram,
e depois envelheceram. Não é o caso do Brasil, sem estrutura previdenciária e de assistência social consolidados, a população terá uma velhice vulnerável.
Muito se precisa projetar e fazer. Tal fenômeno impulsiona a crescente demanda por profissionais de saúde e cuidadores de pessoas idosas capacitados, categorias essenciais para promover e manter a qualidade de vida, o bem-estar físico e psicológico; enfim, uma vida longeva com dignidade e atenção.
O cuidador é um profissional que presta assistência a pessoas que precisam de ajuda, seja por limitações físicas ou mentais, ou por acamamento. Embora o envelhecimento traga desafios, ele também representa oportunidades para o desenvolvimento de novos setores econômicos, como a economia prateada, que envolve produtos e serviços voltados ao público sênior. Além disso, políticas de inclusão e bem-estar podem transformar o envelhecimento em um período produtivo, com qualidade de vida e saúde mental estável.
Acreditamos que os cuidadores de idosos desempenham um papel fundamental no suporte diário das pessoas mais velhas, especialmente, aquelas com dificuldade de locomoção, doenças cronicas, ou condições neurodegenerativas, como Parkinson-e Alzheimer. Sabemos que a formação desses profissionais pode ocorrer de diferentes formas. Existem cursos técnicos e profissionalizantes que oferecem capacitação específica, e, mesmo assim, há uma grande parcela de cuidadores que aprende na prática.
Essas informações evidenciam a necessidade de regulamentação e maior reconhecimento da profissão.
Ainda que a demanda por cuidadores de pessoas idosas esteja crescendo, a profissão, infelizmente, ainda enfrenta muitos preconceitos. Nem sempre a remuneração é proporcional à carga emocional e física da atividade. O desprestígio desses profissionais reflete uma visão cultural, desprovida de conhecimento da importância de admitir a velhice como uma fase da vida, que carece de cuidados especializados.
Além disso, novos modelos de assistência, como o cuidado humanizado e a atenção integrada às pessoas idosas, vem se consolidando, exigindo profissionais com formação multidisciplinar. Cursos técnicos, graduações e especializações na área da gerontologia se tornam cada vez mais relevantes para atender a essa nova demanda.
A profissão de cuidador está em processo de regulamentação no Brasil. Em dezembro de 2024, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou o projeto de lei (PL) 5.178/2020, que regulamenta a profissão. A regulamentação inclui a exigência de um curso para exercer a profissão.
Por conseguinte, o Brasil está diante de um desafio e uma oportunidade: estruturar uma rede de profissionais capacitados para atender a população idosa em crescimento. Valorizar a profissão de cuidador de idosos, investir em formação e combater estigmas são passos essenciais para garantir um envelhecimento digno e saudável. Com o reconhecimento adequado, esses profissionais terão um papel cada vez mais relevante no cenário social e econômico do país.
O país precisa investir em políticas públicas eficazes, valorizar os profissionais que atuam com a população idosa e, por fim, promover uma cultura de envelhecimento saudável e ativo.
CUIDAR é mais que uma ação. É AMOR e compaixão.
E a missão é… a todo instante, CUIDAR e fazer de tudo pela vida DIGNA de alguém!
Profa. Dra. Geni de Araújo Costa é Professora Titular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU): Pós-graduada (mestrado e doutorado) em Educação e Longevidade – PUC/SP; Estudiosa sobre o processo de envelhecimento, bem-estar e qualidade de vida.
