Holding patrimonial – A análise começa na contabilidade

Se você já ouviu falar sobre holding patrimonial, provavelmente também ouviu que ela é uma excelente ferramenta para proteger bens, organizar a sucessão familiar e reduzir legalmente a carga tributária. Tudo isso é verdade quando a holding é criada com planejamento e propósito. Agora, se você ainda não constituiu a sua holding, aqui temos alguns pontos importantes a se atentar.
Antes de abrir o CNPJ da holding, assinar contrato ou transferir imóvel, é fundamental entender se essa estrutura realmente faz sentido para o seu caso. E, acredite, essa resposta não vem do achismo, vem dos números. É por isso que a análise de viabilidade da holding deve começar olhando para dentro: patrimônio, estrutura atual, fontes de renda e projeções futuras.
É nesse momento que o trabalho do contador entra em cena, com papel estratégico e decisivo. É ele quem vai mapear seus bens com clareza, simular o impacto tributário atual e futuro, apontar possíveis pendências e mostrar o que muda (de verdade) ao criar uma holding. Muitas vezes, a simples comparação entre os impostos pagos hoje, como IR sobre aluguéis, e os que seriam pagos via pessoa jurídica, já revela o tamanho da vantagem – ou não.
Outro ponto importante é que a contabilidade também serve como filtro de risco. Não adianta pensar em proteção patrimonial se os registros estão desatualizados, se há passivos ocultos ou se parte do patrimônio nem está documentado corretamente. Por isso, quem já tem empresas ou imóveis precisa começar por esse olhar técnico antes de partir para o jurídico.
E vale lembrar: a holding não é só para quem tem milhões. O que importa é a estrutura, o objetivo e o momento. Em muitos casos, famílias com poucos bens, mas com uma sucessão mal planejada, acabam enfrentando desgastes e prejuízos que poderiam ser evitados com uma simples organização via holding.
Se você está refletindo sobre essa possibilidade, minha sugestão é: converse com seu contador de confiança. Peça uma análise personalizada, com base nos seus números, seu contexto e seus planos. A decisão de criar uma holding deve ser racional, embasada e estratégica. Quando feita da forma certa, ela traz tranquilidade, economia e segurança por muitos anos.
Nas próximas edições, vamos continuar explorando esse tema de forma prática e direta, mostrando os tipos de holding, os cuidados jurídicos, casos reais e como essa estrutura pode se adaptar a diferentes perfis de patrimônio e objetivos. Se esse assunto faz sentido para você ou para os seus clientes, vale a pena acompanhar cada detalhe. Até a próxima!
Dayse Magalhães é contadora e empresária, sócia fundadora da ContBlu Consultoria e Contabilidade; MBA em Consultoria Financeira, Compliance, Controladoria e Reestruturação de Negócios.
