Building Information Modeling (BIM) em obras de infraestrutura

Uma nova perspectiva para o desenvolvimento de loteamentos urbanos.

*Por Franco Cristiano Alves | Géssica Alves

Fotos Divulgação

A produção de um loteamento é realizada a partir do desenvolvimento de diversas etapas, que passam por diversos estudos de viabilidade, elaboração de projetos técnicos que são submetidos ao crivo dos órgãos competentes para aprovação, registro e posterior execução das respectivas obras de infraestrutura. O modelo atual de desenvolvimento e integração dos projetos que compõe o fluxo de aprovação e execução das obras de infraestrutura voltadas aos loteamentos estão em sua grande maioria de casos baseados em modelos CAD (Desenho Assistido por Computador), fundamentados apenas em informações técnicas limitadas, não permitindo a percepção ampla e preditiva dos respectivos projetos, com suas relações de interdependência.

O que implica em comprometimento dos processos de gerenciamento do tempo, qualidade dos projetos e das próprias obras de infraestrutura, por exemplo. A metodologia BIM (Building Information Modeling), que atualmente possui utilização mais ampla no desenvolvimento de projetos voltados para edificações, se apresenta como instrumento valioso a sobreposição dos problemas anteriormente apontados, no desenvolvimento de loteamentos, exatamente, porque permitem o desenvolvimento racionalizado de todos os projetos técnicos envolvidos, inclusive, mediante a análise preditiva de interferências, entre estes projetos, detecção antecipada de erros de concepção e indicação de oportunidades para melhoria dos projetos, objetivando o melhor desempenho técnico e econômico-financeiro.

A metodologia BIM (Building Information Modeling), associada as tecnologias que a envolvem, podem ser utilizados para simular em ambiente virtual, potenciais dificuldades de implementação dos projetos, oportunidades de economia de recursos, análise preventiva de impactos ambientais negativos, oportunizando o desenvolvimento de projetos mais eficientes, inclusive, do ponto de vista energético.

O que dificilmente podem ser observados através dos processos tradicionais de desenvolvimento de projetos. De forma específica, os modelos extraídos da metodologia BIM podem ser usados ainda para gerar relatórios qualitativos e quantitativos em relação aos itens que compõem a infraestrutura do loteamento, a exemplo das redes de drenagem, pavimentação, dentre outros, permitindo alto nível de controle dos recursos financeiros envolvidos, inclusive, no que diz respeito à detecção de desvio antecipado da curva orçamentária, vinculada a implantação do loteamento.

As ferramentas BIM fornecem plataformas otimizadas para modelagem paramétrica das obras de infraestrutura, permitindo novos níveis de visualização espacial, construção de simulações, comportamentos dos sistemas envolvidos, a exemplo do dimensionamento adequado da capacidade de um sistema viário, e o gerenciamento efetivo de projetos e colaboração operacional dos membros das equipes de Arquitetura e Engenharia, sobremodo, no que diz respeito a compatibilização de projetos.

A inserção de informações nos modelos elaborados em metodologia BIM, passa por feições geométricas, relações espaciais interpoladas com ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, análise bioclimática, quantidades e propriedades de materiais e componentes de construção, dentre outras inúmeras informações que podem ser úteis ao desenvolvimento dos projetos. Essas informações permitem que arquitetos e engenheiros acompanhem os relacionamentos entre os componentes modelados, o que implica, inclusive, em levar informações a outras partes envolvidas, como investidores e órgãos públicos de controle, garantindo efetiva transparência no desenvolvimento de cada empreendimento.

A metodologia BIM é, atualmente, uma condição para os participantes de obras públicas de infraestrutura no âmbito federal (Decreto nº 9.377/2018 e posteriores) através do programa BIM BR. Com a disseminação da metodologia, o Governo Federal busca alcançar todos os benefícios que a metodologia oferece, como assegurar ganhos de produtividade, qualidade e, sobremodo, transparência nos gastos públicos. BIM já é uma realidade e deverá se tornar um conceito obrigatório para toda a indústria da infraestrutura, inclusive, na esfera privada.

*Franco Cristiano Alves – Diretor Executivo da Évora Urbanismo.

Advogado com atuação em Direito Ambiental e Urbanístico.

Graduando em Arquitetura e Urbanismo. Especialista em Geoprocessamento. Pós-graduando em Infraestrutura Urbana para Loteamentos em BIM.

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