Se você quiser, pode chorar.

“A ordem no mundo todo é reduzir custos, sem causar mais fome e miséria”.

Por Adalberto Deluca e Fernando Barbosa

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Pedimos respeitosamente sua atenção para escrevermos aqui algo sobre: Política, Emprego, Tecnologia (antes), 5G (agora), Revolução, Ruptura, Inovação, Disrupção, Economia, Costumes, Modismos, Competências e AGRONEGÓCIO!!! Chegamos a um período do ano, tal qual deveria ser em todos os anos passados, em que muitas empresas estão em alerta total para duas frentes que podem ditar o futuro. As organizações que detêm uma razoável dose de bom senso e também aquelas que são amplamente profissionalizadas estão com toda a energia direcionada para o próximo ano e por isso todos se envolveram nas atividades do Planejamento. Seja o Planejamento estratégico, uma revisão do mesmo ou Planejamento Orçamentário. De qualquer forma, a palavra mágica é “Planejamento”. Em todos os cenários a ordem no mundo todo é reduzir custos, sem causar mais fome e miséria.

Muito dizemos que o brasileiro e por consequência as empresas não sabem planejar. Dito e feito, mas não tanto. A chamada globalização que serve de referências para tantos críticos e ativistas trouxe para nosso quintal a presença de empresas internacionais ou transnacionais com muita capacidade de planejar na bagagem de seus executivos. Se é verdade que levam embora o lucro de suas operações, por sua vez traz essa competência para nos mostrar como se faz. Se é um confronto ou uma afronta não dá para descrever, mas a verdade é que para colocar o pé em território alheio e desconhecido é imperativo ter um baita planejamento. Isso ajuda na conquista e, se fracassarem, ajuda também na forma como batem em retirada, voltando para suas bases com menos caos em suas finanças e menos serviços ao operador de guilhotinas.

A pergunta é, quantas empresas brasileiras estão aptas a bater as asas e ancorarem suas estratégias em terras alheias? Com que propósito, com qual finalidade? A resposta pode vir em forma de um ensurdecedor silêncio. Pode vir em forma de bravata, pois ‘não é bem assim’, dirão alguns. A verdade, que as vezes dói, outras vezes corrói, não atrapalha em nada, ao contrário, faz pensar. E de pensar se faz um plano e de um plano o próximo passo pode ser o planejamento. Pode ser, porque segundo o líder estadunidense Eisenhouwer (que não é o autor da frase e sim a popularizou): “Planos não são nada, Planejamento é tudo”!

Começamos esse assunto para dar uma volta nos ares respirados pela imensa maioria das empresas nacionais, daqui mesmo. É público e chega a ser notório que um dos pilares da economia brasileira é a sua, a minha, a nossa microempresa. O empreendedorismo brasileiro tem muito de microempresa bem-sucedida, pelo menos no formato familiar, onde se pode acomodar tantos sob as asas generosas de nossas galinhas de ovos de ouro. Mas, e o mas pode soar lacônico, somos muito teimosos em não adotar práticas óbvias, peculiares à grande maioria dos bem-sucedidos, mesmo os não nascidos assim, ou que sejam, vá lá. Às vezes, para piorar tudo, ainda se publicam ou conta-se casos de novos ricos que contrariaram a lei do bolso e acertaram na fórmula. Isso só para mostrarem que todo o resto é teoria ou burocracia. Só falam, mas não mostram como tudo se deu. E eu me permito trucar! No fundo, no fundo nem era esse o assunto, pois o melhor nesse momento é falarmos do monte Everest dessa terra sem neve: o Agronegócio! O amado, tão mal compreendido e desdenhado pelos avanteens de oito a oitenta janeiros que muitas vezes não sabem uma vírgula do que falam e escrevem. E que delícia falar dele ou sobre ele – o Agronegócio!

Ouvi a pouco algumas palavras e frases inteligentes de um gestor de marketing de uma grande empresa do agronegócio que descascou todos os abacaxis que teimamos em fazer germinar nas salas corporativas país afora. A começar pelo medo do futuro que aquelas tevês teimam em propagar diuturnamente. Há uma ponte a ser atravessada entre o hoje e o amanhã? Sim, há! Há turbulências nas águas que passam abaixo dessa ponte? Evidentemente! Porém, pouco se fala no que encontraremos do lado de lá. E não contam que não se faz omelete sem quebrar as cascas dos ovos (não se quebra os ovos, mas sim as cascas, lembremos). Se você estiver atento a algumas notícias vindas do campo, terá ouvido ou lido que há uma crise em curso, pois não há produtos suficientes para que as plantinhas salvadoras brotem em nossos rincões. Antes de desbaratar as bravatas ou os medos de quartos escuros (ou pontes que caem, como se queira) vamos ao contexto, depois à conjuntura e depois às verdades (as nossas, claro, pois todos as temos).

Ocorre que a lógica tem sua própria lógica, senão vejamos, houve, é fato, uma crise sanitária mundial. Tratada como política, usada como alavanca de audiência, mas que houve isso é inegável. Diante disso a profecia do nem tão profeta assim, Raulzito Seixas, se fez realidade e tivemos até o então risível ‘dia em que a terra parou’. Na verdade, são meses quase parando e ainda doem as perdas, e a visão de perdas que ainda chegam na forma de uma economia disforme. Com isso muitas atividades produtivas estão esmagadas pela falta de diversos insumos, desde o papel para a decadente indústria gráfica até energia para proeminente e ascendente indústria digital. No agronegócio não foi e não será diferente. Se para fabricarem o carro, a ex-paixão nacional (e aqui ressalvo as críticas lembrando a todos o efeito dos aplicativos de mobilidade humana que não me permitem mentir ou iludir), faltaram desde chapas de aço – porque os altos fornos das indústrias do meio desaceleraram e pararam diante das notícias de que, além de parar, a terra daria marcha ré – até chips dos sofisticados sistemas de navegação. No setor primário alguns fatores estão atormentando o sono de toda a cadeia do agronegócio. Podemos elencar alguns expressivos como a altíssima concentração do transporte marítimo nas mãos de até dez grandes organizações. O que as afetou além do poder de ditar o ritmo das naves marítimas foi também um vilão inesperado: o alto consumo mundial de produtos (e bugigangas, claro) quase que sorvidos por dedos ágeis que fez o e-commerce dar saltos e piruetas de crescimento. Há também o perigoso mundo da alta concentração de fornecimento dos vários princípios ativos essenciais à agricultura, matadora de fome que nos fornece muito mais que o pão-nosso-de-cada-dia.

Imagine que para termos o pedaço de carne (todas elas!) é preciso alimentar as matrizes de proteínas e para isso é preciso alimentos, nutrição. Para confeccionar essa submatéria-prima de nossos pratos é preciso plantas. Plantas precisam ser estimuladas e protegidas para crescerem fortes, verdes (sem concorrer com a Marvel) e exuberantes (sem concorrerem em desfiles de beleza). Pronto, o cardápio do caos atual está tomando contornos e o roteiro é de halloweens tenebrosos. Se iniciamos esse texto (e contexto) colocando esperança de alguma forma, de outra forma poderíamos estar estragando o grand finale. Não tanto assim! Tal qual o Dia das Bruxas o potencial pânico vai passar por força do calendário e cai em nossa famosa memória brasileira – curta! Pode pesar no bolso, pode doer no âmago dos lares de todos os estratos sociais, porém, passa. E isso porque o Agro não falha. Produz!

Fizemos questão de enfatizar que aproveitaríamos desse generoso espaço – cedido pela generosidade amiga – para destilar (opa!…) descrever contexto e conjuntura neste texto, então permitam discorrer (… agora sim) alguns pontos que podem dar relevância ao assunto. Muitas vezes nos deixamos levar pelos fatos relatados e potencializados, mas que nem sempre estão completos. Abrindo as cortinas e desvendando, ou desnudando, a verdade, nossas gerações em fase produtiva – todas incluídas no alfabeto grego completo – vivem em um período de quase 100 anos uma autêntica revolução multifacetada. Vamos comparar esse século (como hiato de tempo e não calendário) a um diamante que para ser digno de valor precisa sair do estado bruto para preços brutais mostrando incontáveis facetas e quanto mais as tiver, mais escondido viverá para ficar livre dos olhares – e mãos – da cobiça. As transformações que vivemos são discutidas (ou debatidas para agradar a paulistas, goianos e mineiros) como revolucionárias, evolucionárias, transformadoras, disruptivas, inovadoras, mágicas, e quiçá milagreiras. Tem coisa simples que parece complexa porque pega os desavisados de calças nas mãos. Tem coisas complexas que parecem pueris porque até os bebês manuseiam e apontam. Já tem até pet escolhendo o cardápio, mas, há quem ainda discuta se as máquinas dominarão ou não o mundo – e não vão mesmo – e assim não se permitem experimentar a tal lógica que demonstra a todos, que assim queiram, onde menos força física abre espaço para a estratégia e estratégia é um estado mental, depois, claro, transformado em relatórios (Argh! diria o Pato Donald).

Por isso, estatísticos mostram números que assustam sobre a quantidade de empregos que não existirão mais em pouquíssimo tempo. E eles revisam isso o tempo todo, para mais! Mas, porém, contudo e entretanto, já temos dados com inúmeros dígitos que mostram exatamente o que os apocalípticos escondem, que é a falta generalizada de mão de obra para outro sem número de novos empregos e funções criados exatamente pela TECNOLOGIA! Estamos sendo redundantes e contando fatos já dados para, exatamente, chamar o garçom, o maior especialista em fechar conta. Pois a conta não fecha e a saideira ainda está longe de ser pedida. Os mesmos dados propalados mostram que até 2050 o crescimento populacional seguirá vigoroso e somente a partir dali (sim, 2050 está logo ali) se inicia a curva descendente desse crescimento. Aí chega o envelhecimento em massa. E para isso também ainda criaremos muitos empregos para cabeças, e não braços, disponíveis, dispostos e capazes de servir uns aos outros (aqui o assunto é sério, pois o terceiro setor, que não pode ser confundido com terceira idade) irá suportar essa involução etária. Se começarmos a contextualizar aqui a previsível, ampla e necessária presença da IA – Inteligência Artificial, não deixe de acompanhar o raciocínio ignorando as verdades que ainda descreveremos.

E com ela – a tecnologia – voltamos ao mundo mágico do agronegócio. Meios produtivos tradicionais estão se reinventando (já escrevemos isso) baseados em algoritmos que constroem, no mundo da ciência da computação, formas de atender a essas demandas em crescimento e isso gera emprego. No campo – lá na roça mesmo – já não há mais mão de obra capacitada para o alto nível de tecnologia que se emprega (aqui um sinônimo de emprego) na condução (logística mesmo) de meios produtivos. Máquinas ultra desenvolvidas até trabalham de forma automatizada, mas, novamente, o contexto exige a inteligência humana, cujo desenvolvimento já até disseram não passar dos 10% de utilização. Cálculos científico-financeiros dependem de tomada de decisão por parte de quem investe capital e tempo para produzir o arroz-comfeijão, e todas as proteínas, animais e vegetais.

Economicamente falando, escrevendo e refletindo, temos grandes desafios para o Ano Novo e não se referindo ao réveillon onde tudo é festa. A escassez múltipla discorrida aqui já traz processos inflacionários também globalizados, agora sim, referindo a um mundo sem fronteiras, que podem custar mudanças geopolíticas consideráveis. Até esquecemos, por hora, das correntes migratórias que permeavam os vespertinos, matutinos e noturnos noticiários de todo o mundo. Tudo terá de se encaixar em economias que estão vivendo dias difíceis por falta de movimentação logística em portos de ricos e pobres, se é que ainda conseguimos distinguir essa fronteira. Falta e faltará presentes nos lares e alimento em mesas antes abastadas. Não por falta de recursos monetários, mas por falta de matériaprima mesmo e “Matéria-Prima” remete ao Brasil, um dos líderes nesse fornecimento, queiramos ou não. Assim a roda do infortúnio passageiro, insisto, irá girar mais lentamente por um determinado tempo. Um ano mais, talvez menos e para todo o mundo. Por aqui ficaremos às voltas com um ano de possíveis surpresas.

Nossa logística está pronta para exterminar as teias de aranha que se formaram em seu bojo por décadas de abandono, lobbys e levará celeridade no transporte do que se produzir. Nós produzimos alimentos em escala de incansáveis recordes, o que atende a um pedaço polpudo da fome mundial, na verdade internacional. A moeda de troca – o dólar americano – continuará entristecendo sacoleiros e consumistas, porém segue firme para nos colocar em pé de igualdade na hora de esfregarmos a barriga no balcão e vendermos nosso suado produto agropecuário. E isso é bom! Se quiserem discutir – ou debater – esse ponto, afiem as armas, pois é bom sim. Imagine um mundo de maravilhas para os desavisados ou desalmados, onde um dólar valesse um real, ou dois, ou três. Sabe aqueles 25% do PIB que faz os avanteens desfilarem o consumodesenfreado-nosso-de-cada-dia? Então, o tal um quarto do produto interno bruto de todas as coisas já alcançará UM TERÇO(!) e isso corresponde a 2,35 trilhões de reais (exclamação). Esse montante gira por aí pagando máquinas cuja indústria gera empregos urbanos. Esses empregos geram salários que abarrotam os shoppings e fast foods… Essa cadeia é longa e vamos deixar para cada um descrever a sua ideal. Só não se esqueça da diarista de cada lar, paga com recursos desse um terço de PIB.

Tecnologia para dar e vender

Procuramos aqui desenvolver uma conjuntura – que nada mais é do que um conjunto de estruturas – para abrirmos um espaço de reflexão sobre o estado econômico empresarial e pessoal que estamos vivendo. E não há roda de samba ou de bom batepapo que possa ser vigorosa sem ter tecnologia de ponta no meio. Já sabemos que o 5G agora sai do outdoor da operadora para nossas mãos. É rápido, chega logo. Porém, o que devemos mesmo saber é que ele vai parar nas mentes dos que desenvolvem a tecnologia e garantirá pratos cheios possivelmente em todas as casas habitadas desse mundo, sem esquecer que a cada 5 pratos servidos no mundo, um deles é produzido pelo Brasil. Isso permitirá uma revolução e uma evolução dos meios produtivos. Já dá para sentir que falta braço para tudo que se precisa fazer e esse novo recurso permitirá máquinas robotizadas que multipliquem com muita eficiência processos produtivos carentes de força motriz e velocidade. São incontáveis os projetos de ponta paralisados por não serem providos de mobilidade adequada, funcional e o nosso já envelhecido 4G, que só serviu para as ‘tias do Zap’ deixarem alguns de cabelo em pé trazendo os netinhos para perto e os maus prestadores de serviço para longe, continuará por aí. Em termos produtivos é baixíssima a contribuição desse modelo, porque é caro para instalar e pobre de sinal para servir de ponte para o futuro. Agora a história recomeça e, se escrevemos aqui que nossas gerações do intervalo dos últimos 100 anos vive o paradoxo das grandes transformações, ainda restará tempo para muitos de nós desfrutarmos e, acima de tudo, vermos mais equilíbrio entre as forças humanas e humanitárias. Até porque aí a tecnologia também tem marcado golaços, promovendo longevidade à espécie muito além das salas de harmonizações desumanas (sem preconceito, apenas porque mudam as feições com que nascemos e isso nos ‘desumaniza’ um pouco, convenhamos).

Se você não quis chorar como permitimos no título dessa matéria, se você chegou até aqui e, principalmente, se entendeu nossa retórica, de qualquer forma se sinta feliz, você está construindo a história e vivendo-a ao mesmo tempo, um privilégio que todos os poderosos imperadores romanos não tiveram. E isso é constatado pelo pouco tempo que viviam e pelo gigantesco legado deixado para que desfrutemos de sua capacidade disruptiva e construtiva.

Para entender, compreender e acertar na mosca, tem alguns alvos certeiros aqui:

– IA https://fia.com.br/blog/inteligencia-artificial/

– PIB do Agro https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro. aspx

– Banco Central https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus

– PIB Brasil 2021 https://exame.com/economia/ocde-eleva-para-52-previsao-dealta-do-pib-do-brasil-em-2021/

– 5G https://fia.com.br/blog/internet-5g/ https://tellus.org.br/conteudos/artigos/inovacao-agricultura-5gproducao-alimentos/ https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/60133873/ tecnologia-5g-vai-melhorar-conectividade-no-campo-eimpulsionar-agricultura

Adalberto Deluca e Fernando Barbosa são consultores empresariais, sócios da Know How Consulting.

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