Por Rosane Viola – jornalista e advogada

Fotos Divulgação

Uma simplificação muito esperada promete acabar com a burocracia, papelada e a demora na hora de financiar um imóvel. São os contratos 100% digitais que permitem que o cliente assine todos os documentos sem a necessidade de se deslocar à uma agência bancária ou ao cartório. Para utilização do serviço, primeiramente é necessário saber se a instituição financeira de sua escolha já opera esse tipo de contratação. No Brasil, um bom exemplo é o Bradesco, que já ultrapassou a marca de 500 contratos, algo em torno de 150 milhões de reais em financiamentos firmados de forma digital. O projeto teve início no estado de São Paulo e já foi estendido para o restante do país, de acordo com a apuração de dados mais recente. A Caixa Econômica Federal e o Banco Santander também estão direcionando seus negócios para o digital. Outros têm seguido a mesma tendência e a previsão é de que isso se torne uma realidade ampla no mercado até o fim do próximo ano, afirma o Presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), José Rocha Neto. “Pode escrever. Até o final do próximo ano quase todos os agentes financeiros já deverão estar com integração aos cartórios, ao menos em São Paulo”, pontuou em debate durante o Summit Imobiliário, realizado recentemente pelo Estadão em parceria com o Secovi-SP.

O avanço será bastante significativo, uma vez que o estado de São Paulo representa algo próximo de 40% de toda a contratação de financiamentos do país, explica Rocha. O presidente da ABECIP comenta que o processo de contratação do crédito imobiliário totalmente digitalizado representa uma segunda onda no mercado. Isso porque, durante a pandemia do Covid-19, houve uma primeira onda quando os bancos passaram a oferecer as opções para cotação, simulação e aprovação de crédito por canais digitais e até mesmo facilitando o envio dos documentos iniciais digitalizados. Ele disse ainda durante o evento que “a gente está vendo agora uma segunda onda, que é o que faltava, a parte da assinatura”.

Como contratar o crédito imobiliário digital?

O processo é bem mais célere que o modelo anterior e essa talvez seja sua maior vantagem. Tudo é feito da seguinte maneira: o cliente entra em contato com a instituição que vai disponibilizar o crédito e depois o próprio banco indica os meios para fazer a cotação e o envio de documentos – para algumas instituições isso acontece por meio de aplicativos e em outras, por meio do próprio site do banco. Após realizada a cotação são enviados os documentos necessários 100% digitalizados – a partir daí é feita a análise de crédito. Se esta for aprovada o contrato é elaborado e enviado para coleta de assinaturas, completamente digital. Como o sistema de crédito imobiliário trabalha em

conjunto com o registro de assinatura eletrônica da rede de cartórios distribuídos pelo Brasil, fica muito mais simples e fácil colher assinaturas dos clientes e essa é a grande inovação, o que traz enormes vantagens. A principal delas, a celeridade em todo o processo. Mas não é só isso.

Quais são as vantagens de fazer uma contratação digital?

Como eu comentei acima, a vantagem mais significativa é o impacto na redução do tempo gasto para cotação, análise e aprovação do crédito necessário para realização da transação imobiliária. Antes da inovação digital, todo o processo poderia se estender por até 90 dias entre a cotação inicial feita pela instituição bancária, as assinaturas e posterior liberação do crédito. Com os primeiros passos de digitalização implantados pelos bancos, o prazo caiu para algo em torno de 30 dias. Mas ainda assim, o tempo hábil para as operações continuava longo demais. Agora, diante da recente onda dos processos 100% digitais, a operação completa está prevista para ocorrer dentro de uma semana. Outra vantagem para o consumidor é a possibilidade de realizar várias cotações de maneira simultânea em instituições diferentes e o que é melhor, sem sair de casa. Com a digitalização de todos os documentos envolvidos no processo de crédito não existe mais a necessidade de deslocamento e a preparação de cópias. Dessa forma também é possível que a mesma pessoa faça diversas cotações simultâneas em instituições diferentes sem precisar sair de casa e com apenas uma cópia de cada documento, sem precisar se deslocar de forma desnecessária entre vários locais. Com certeza, as transações imobiliárias ficarão mais eficientes para todos os envolvidos.

Os novos sistemas baseados no 100% digital possuem simuladores de crédito de habitação mais eficientes e contam com a possibilidade de personalização de cada contrato, o que faz com que o processo como um todo torne-se mais adequado às necessidades individuais dos clientes. Se você possui uma conexão segura de internet, você está apto a realizar esse tipo de cotação e contratação de qualquer lugar, sem precisar de deslocamentos. A facilidade visível do sistema de crédito imobiliário 100% digital demonstra como é possível simplificar processos burocráticos em geral e revela uma tendência de aumento do uso de sistemas similares para atividades diversas num futuro próximo. O processo de registro eletrônico reúne assinaturas digitais e integra o sistema de cartórios do país inteiro numa rede eficiente. Desse modo, os envolvidos numa transação podem acompanhar e assinar um contrato virtualmente, ou seja, sem a exigência de comparecimento físico aos locais de atendimento. O presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 14.382/22 que definiu como será implantado o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos (SERP) que unificará todo o sistema cartorário do país e vai permitir os registros e consultas pela internet. O novo sistema vai modernizar e unificar sistemas de cartórios em todo o país. O SERP deverá ser implantado até 31 de janeiro de 2023. O futuro próximo promete menos burocracia e mais eficiência nos negócios imobiliários. (Fontes: Estadão, Capital News).

• Rosane Viola é jornalista e advogada.