Incerteza, desinformação e manipulação: Quem ganha e quem perde com as eleições nos Estados Unidos

Vamos direto ao ponto: as análises tradicionais perderam espaço em um cenário global marcado por alto grau de incerteza, com desinformação e manipulação em ascensão exponencial. Ainda assim, no contexto interno dos Estados Unidos, algumas considerações são possíveis.

No Brasil, observamos dois grupos que dificilmente podem ser plenamente classificados como políticos de princípios ideológicos fixos. Quando conveniente, alguns vestem a camisa da esquerda, enquanto outros preferem se associar à direita. Exemplo inquestionável disso foram as coligações nas últimas eleições municipais, onde partidos como o PL e o PT, entre outros, se uniram pragmaticamente para assegurar poder local. Soma-se a isso, a falta de um sistema partidário forte, as frequentes votações baseadas em trocas de emendas e a tolerância com a Suprema Corte ultrapassando, por vezes, suas atribuições.

E o principal local da maioria dos nossos representantes é em cima do muro, por interesse pessoal ou falta de coragem.
Nas eleições americanas, quem ganhou foram os próprios americanos. A imprensa consorciada segue o roteiro de sempre, muitas vezes dissociada da realidade, com uma parte promovendo a ideia de que Donald Trump será um presidente benevolente e outra o pintando como vilão. Esse mesmo jogo se reflete em nossos partidos políticos.

Precisamos aceitar uma realidade fundamental: “entre nações, não há amizades, apenas interesses”. Essa máxima pode parecer um clichê, mas é essencial para compreendermos o cenário atual e nos prepararmos. Os Estados Unidos enfrentam problemas estruturais e ameaças externas significativas e, naturalmente, buscam manter sua posição como a maior potência global. Donald Trump foi eleito para reforçar o chamado “sonho americano.”

Os brasileiros precisam abandonar a ilusão de que o “Tio Sam” virá nos salvar, e nossa classe política precisa urgentemente assumir a responsabilidade de representar a população, colocando o interesse público acima das agendas pessoais. É provável que o cenário se torne ainda mais desafiador – não por culpa dos americanos, mas pela ausência de estadistas no Brasil.

Hélio Mendes é Consultor e especialista em Política e Estratégia

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