Ricardo Rocha

O figital é a regra. Se você ainda não organizou sua empresa, está ficando para trás
O jogo já mudou. O digital não é mais um diferencial, é o mínimo esperado. O cliente de hoje não compra em uma jornada exclusivamente online ou física. Ele navega nos dois. Ele pesquisa no Google, vê avaliações, entra no Instagram, manda um WhatsApp, passa na loja para ver o produto presencialmente, experimenta, compra no site e retira no ponto físico.

Essa integração entre o mundo físico e digital não é mais uma tendência – é a regra. Se sua empresa ainda não funciona nesse modelo, está perdendo muita venda.
Eu vivi e trabalhei essa transformação de perto nos micro e pequenos varejistas. No Parceiro Magalu, ajudamos mais de 300 mil varejistas tradicionais a entrar no digital. Pequenos comerciantes que nunca tinham vendido além do bairro passaram a atender o Brasil inteiro. Mas não foi apenas subir o estoque e vender no marketplace, foi criar uma nova mentalidade de fazer negócio e novas habilidades para atender um cliente que não estava “na frente” do vendedor.

Quem entende o figital já está vendendo mais, fidelizando clientes e crescendo. Quem ainda acha que dá para separar físico e digital está lutando uma guerra que já perdeu.

Agora, a pergunta é: sua empresa está entre as que avançam ou entre as que vão ficar pelo caminho?

Figital não é o futuro, é o agora. Quem não entendeu isso já perdeu o jogo.
Muita gente ainda trata o digital como um “extra”, algo opcional, como um complemento para o que já faz no físico. Esse pensamento é um atestado de atraso.
O consumidor não pensa mais em digital ou físico. Ele quer conveniência. Quer comprar do jeito que for mais rápido, mais seguro e mais confortável para ele. Veja com é dinâmica uma jornada de compras hoje:

-O cliente pesquisa online os produtos e encontra uma loja física;
-O cliente avalia as experiências de compras de outros clientes registradas no Google Meu Negócio, sobre o produto, serviço e empresa.
-O cliente vai até a loja para ver o produto, mas finaliza pelo site para pagar menos ou garantir entrega rápida.
-O cliente faz uma compra pelo WhatsApp e retira na loja no mesmo dia.
-O cliente compra um serviço de instalação por um aplicativo e recebe o prestador de serviços presencial no mesmo dia.

Se sua empresa não oferece opções que juntam o físico e o digital como esses exemplos, ela não está no jogo.
E não adianta apenas “estar presente no digital”. O que faz a diferença é a integração total da experiência. A jornada do cliente precisa ser fluida, sem fricções, sem barreiras. Se o cliente sente que os canais são desconectados, você já perdeu para o concorrente que certamente está fazendo isso direito.

O erro que está matando as empresas
O maior erro dos empresários hoje é tratar o digital e o físico como coisas separadas ou até mesmo desprezar a importância da sua presença e reputação no contexto digital.
-Criam um e-commerce, mas o estoque da loja física não está integrado.
-Anunciam no Google, mas não fazem ações para atrair o cliente para a loja.
-Vendem no WhatsApp, mas não têm um fluxo
organizado de atendimento.

O resultado? Perda de vendas e frustração do cliente.

Quer um exemplo? Você vê um produto na internet, decide ir até a loja física e descobre que não tem no estoque. Experiência péssima. Agora, imagina o contrário: você passa pela vitrine, gosta do produto, mas está sem tempo para entrar. Se a loja tem um QR Code para compra online, a venda acontece ali mesmo, na palma da mão ou ainda enquanto caminha para seu compromisso.
O jogo é esse: quem integra, ganha. Quem não integra, morre.

Como adaptar sua empresa para o figital?
Agora que já ficou claro que o figital não é mais um diferencial, mas uma exigência, vamos para a prática.
A primeira dica importante é o registro da experiência do cliente, através das avaliações, são seu maior ativo digital. Se antes a propaganda boca a boca era tudo, hoje ela acontece no digital. 93% dos consumidores leem as avaliações.

Se sua empresa não tem um fluxo para incentivar reviews e comentários, você está jogando clientes fora. Veja as dicas a seguir para adaptar seu negócios e aumentar as vendas em até 18%:

-Peça avaliações: o cliente satisfeito precisa ser estimulado a deixar um comentário no Google, no Instagram, no marketplace.
-Use as melhores avaliações como prova social: prints no site, depoimentos nos anúncios, destaques no Instagram.
-Responda tudo: tanto os elogios quanto as críticas.

Quem responde, gera confiança.
Uma segunda dica é usar o digital para levar clientes para a loja (e o inverso também vale). O digital não serve só para vender online. Ele pode ser seu maior aliado para trazer gente para a loja física.

-Google Meu Negócio bem configurado: quem pesquisa no Google “loja de eletrônicos perto de mim” precisa encontrar a sua.
-Ofertas exclusivas para retirada na loja: faça promoções para estimular o fluxo presencial.
-Experiências ao vivo: eventos, degustações, demonstrações. Loja física não é só ponto de venda, é ponto de experiência.
Agora, o contrário também funciona. Use a loja física para levar o cliente para o digital:
-QR Codes nos produtos: o cliente escaneia e vê mais informações, reviews e até opções de compra online.
-Cadastro de WhatsApp e redes sociais: se ele entrou na loja, ele precisa ser capturado para continuar recebendo suas ofertas.

A última dica é trabalhar o SEO e tráfego pago para dominar o digital. Hoje, 9 em cada 10 consumidores pesquisam online antes de comprar. Se a sua empresa não aparece nos primeiros resultados do Google, seu concorrente está pegando seus clientes.

O que você precisa fazer?
-SEO (Search Engine Optimization): use as palavras certas no seu site para ser encontrado nas buscas.
-Google Ads: se sua empresa não investe em anúncios pagos, você está invisível.
-Redes Sociais Estratégicas: Instagram, TikTok, YouTube e Facebook são fontes de tráfego direto para sua loja e site.

O modelo de funcionamento do mercado é figital. Se sua empresa não está preparada, o mercado não vai esperar. Quem não está operando no figital não está no jogo.
A grande questão agora não é “quando” você vai ajustar suas empresa, processos e pessoas para essa realidade. É se ainda dá tempo de recuperar o atraso.

Então, me diz: sua empresa está pronta para competir no mundo real? Vai ajustar seu negócio ou vai assistir seus concorrentes passarem à sua frente enquanto você ainda tenta entender o básico?

O figital não é o futuro, o figital é o presente. Quem entendeu isso está crescendo. Quem não entendeu está morrendo. E agora, o que você vai fazer?

Ricardo Rocha é empreendedor, investidor, mentor, palestrante e escritor. Foi Head de Plataforma Seller da Magalu, liderando a digitalização de mais de 300 mil empresas no Brasil. Já vendeu cinco empresas, incluindo a Softbox, em 2018 para a holding do Magazine Luiza, em um negócio superior a 9 dígitos. Formado em Administração e Computação pela Politécnica de Uberlândia, com MBA em Gestão Comercial pela FGV, também é professor de MBA da PUCRS em Marketing, Vendas e Inovação. Atualmente, é Head da InvestLabs, uma Venture Builder que estrutura e investe em startups de base tecnológica. Seu ecossistema de empresas tem valuation superior a R$ 1 bilhão. Ricardo também é sócio-fundador do Instituto Projeto de Vida, ONG voltada à educação e formação de jovens para o mercado de trabalho. Eleito um dos 10 palestrantes mais influentes do Brasil em 2021, investe em projetos inovadores e defende ativamente a transformação digital no país. Apaixonado por empreendedorismo, tem o propósito é impulsionar pessoas e negócios.