Economia criativa potencializa negócios e valoriza a cultura local

Modelo tem ganhado relevância global

Alitéia Milagres

A economia criativa é um modelo econômico baseado na geração de valor a partir da criatividade, do capital intelectual e da inovação. Tem ganhado relevância global à medida que a tecnologia digital expande as possibilidades de criação, distribuição e consumo de bens e serviços criativos. Ela é impulsionada pela inovação e originalidade, e se caracteriza pela constante geração de novas ideias e abordagens criativas do setor de cultura, moda, design, música e artesanato. Também estão incluídas as atividades de televisão, rádio, cinema e fotografia, além da expansão dos diferentes usos da internet (desde as novas formas de comunicação até seu uso mercadológico), o setor de tecnologia e inovação, como o desenvolvimento de softwares, jogos eletrônicos e aparelhos de celular, bem como a gastronomia, entre outros.

A economia criativa no Brasil movimentou 7,8 milhões de novos postos de trabalho em 2023, o que representa um crescimento de 4% na oferta de empregos. O setor criativo emprega cerca de 7,4 milhões de trabalhadores, o que corresponde a 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em todo o país, são mais de 935 mil profissionais formalmente empregados nesse setor da economia. Nesse contexto, os mineiros ocupam o terceiro lugar em geração de emprego, com cerca de 82 mil profissionais registrados.

Paludos Espetaria: de Uberaba para novos horizontes gastronômicos
Na onda da economia criativa, Fabrício Paludos, um apaixonado pelo tradicional churrasco fogo de chão e dono de uma boa prosa, fundou há sete anos, em Uberaba, a Paludos Espetaria. Com um investimento inicial de R$ 20 mil, o empreendimento conquistou o público local com um cardápio ousado e pratos exóticos que se tornaram sucesso na cidade. Entre os destaques estão a costela fogo de chão, o filé de jacaré, o peixe surubim na brasa com molho de maracujá e a clássica picanha.

O sucesso consolidado da espetaria não freou os sonhos de Fabrício. Ele agora se dedica a outro nicho: a organização de eventos gastronômicos. “Eu gosto de fazer eventos. Já realizei em Passos, Piumhi, Catalão, Araguari e Uberaba. Não paro. Meu próximo passo é levar a Paludos para Uberlândia e seguir com meus eventos, onde preparo churrascos para muita gente”, revela Fabrício, mostrando que sua paixão pela culinária é combustível para continuar expandindo.

Mundo Animal: lanchonete temática

Uma tendência que tem crescido cada vez mais no Brasil são os negócios temáticos, a exemplo da franquia Mundo Animal Lanchonete Temática, inaugurada no piso 2 do Uberlândia Shopping.

A nova loja da Mundo Animal ocupa uma área de 750m², com uma capacidade média de 380 lugares e um espaço kids de 70m². 

Entre tábuas, hambúrgueres, torres de batata, opções kids e lanches diversos, o cardápio da lanchonete conta com opções variadas de pratos individuais ou para compartilhar, além de drinks e sobremesas que agradam todos os gostos, tanto pelo sabor quanto pelo preço. Ainda, há opções de combos, como o “Alegria da Selva”, exclusivo para as crianças, que inclui brinquedos colecionáveis. 

A experiência também envolve o ambiente, todo decorado com o tema da selva e adaptado de acordo com as datas comemorativas. Os móveis revestidos com estampas, as estruturas de madeira, folhagens e itens que remetem aos animais da selva deixam todos no clima do local, junto com os telões e trilha sonora. 

A atração principal da noite na Mundo Animal é o show do Leonel, o leão mascote da marca, que faz sua grande entrada e, com os colaboradores da unidade, apresenta um espetáculo contagiante. Ainda, após o show, o personagem passa de mesa em mesa para tirar fotos, cantar parabéns aos aniversariantes e registrar o momento único vivenciado por cada cliente. O primeiro show acontece, geralmente, cerca de 2 horas após a abertura da unidade e o intervalo entre os shows é de 2h a 2h30.

Confeitaria artesanal

Enquanto muitos se dedicam à gastronomia salgada, há quem encante pelo doce. É o caso de Ariele Miola Silva, fundadora da Caseirinhos da Ari, uma confeitaria artesanal que vem conquistando paladares com suas especialidades, como bolos vulcão, bolos no pote, cookies e brownies, verdadeiras delícias de dar água na boca. Ariele é um exemplo inspirador de como é possível transformar sonhos em realidade, equilibrando maternidade e empreendedorismo com sucesso. O início foi modesto, vendendo pelo Instagram (@caseirinhosdaari_confeitaria), onde rapidamente fidelizou clientes atraídos pela qualidade e pelo carinho em cada receita. Com o aumento da demanda, seu negócio cresceu, e agora os produtos estão disponíveis também pelo iFood, ampliando o alcance da confeitaria. Hoje, a Caseirinhos da Ari é sinônimo de sabor e dedicação, mostrando que talento e paixão são os principais ingredientes para empreender com sucesso.

“Minha paixão pela confeitaria começou como um hobby e uma forma de relaxar. Quando percebi que poderia transformar esse talento em um negócio, não pensei duas vezes. Cada bolo que faço, cada doce que entrego, é feito com carinho e dedicação, porque para mim a confeitaria é mais do que trabalho, é uma forma de expressão e de levar felicidade para as pessoas. Em breve vou vender salgados também”, conta Ariele Miola Silva.

A analista do Sebrae Minas Nayara Bernardes explica que para impulsionar esses negócios, uma das estratégias é usar a identidade e a diversidade cultural. “O empreendedor que trabalha com criatividade nos seus serviços ou produtos tem como diferencial a singularidade. Ele imprime o que é característico da sua localidade e da sua vivência. Ele cria produtos com características que os tornam únicos”, destaca.

Economia criativa abre oportunidades para o produtor rural

O que muitos desconhecem é que a EMATER-MG desempenha um papel essencial no apoio às famílias rurais que sonham em transformar suas habilidades em negócios rentáveis e legalizados. Em Uberlândia, a extensionista da instituição, Márcia Barbosa, destaca que a missão principal da EMATER é viabilizar e regularizar os sonhos desses empreendedores do campo. “Às vezes, o produtor faz doces, queijos, artesanato, farinha, polpa de frutas ou charcutaria para vender entre amigos, mas quando recebe orientação adequada, percebe o potencial de seu trabalho e aprende como legalizar a produção para ampliar a comercialização”, explica Márcia. Com essa assistência, a EMATER não apenas impulsiona a formalização, mas também fomenta o crescimento econômico e a valorização do trabalho rural na região.
Em meio às conversas com produtores rurais, surgem histórias de criatividade e empreendedorismo que transformam tradições em oportunidades de negócio. Um exemplo é de uma propriedade rural que produzia bolos à base de pequi e outras receitas com o fruto, e com o apoio da EMATER-MG, passou a comercializá-las sob encomenda. Outro caso representativo envolve um grupo de artesãs que, orientadas pela equipe da instituição, começaram a bordar narrativas que retratam a trajetória do queijo artesanal mineiro – um produto cuja técnica de fabricação está em processo de candidatura para ser reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Essas iniciativas demonstram como a integração entre cultura, tradição e inovação pode impulsionar a economia local e preservar a identidade mineira.

Ela explica que a EMATER orienta os produtores de forma assertiva. Uma informação importante é definir se a venda será em âmbito municipal, regional ou federal, pois cada produto tem uma forma de regularizar. “Se é um produto animal, por exemplo, o registro se dá em três instâncias municipal, estadual e governo federal. Se um produto é de origem vegetal, pode regularizar no município ou na vigilância sanitária que é do governo federal. “Dependendo de onde o produtor queira comercializar, ele tem um órgão específico para registrar o seu produto ou ter o alvará sanitário”, disse.
Márcia diz que mesmo com as orientações específicas para cada negócio, há desafios. Os produtores que precisam da flora, do cerrado para produzir por exemplo polpa de frutas, sofreram com as intempéries climáticas, como as queimadas. Tem produtor que têm dificuldade de construir agroindústria para comercializar por questões financeiras.

“A Emater lançou, no final do ano passado, a plataforma de comercialização online É do Campo (www.edocampo.com.br), que permite aos produtores, não apenas de queijo, mas de diversos produtos rurais, possam comercializar seus produtos de forma digital, aumentando as vendas e a abrangência”, destaca Patrícia.

Essa inovação tem transformado a realidade das famílias rurais, que antes comercializavam seus produtos apenas localmente, em feiras ou de porta em porta, e agora alcançam consumidores de diversas regiões. “Não há mais porteiras limitando o trabalho das famílias rurais; seus produtos chegam mais facilmente ao consumidor final, graças à tecnologia”, reforça.

O trabalho da Emater junto à agroindústria tem sido uma importante ferramenta para valorizar as famílias rurais, sobretudo as mulheres rurais, e preservar os saberes tradicionais passados de geração em geração, carregados de memórias afetivas. Segundo Patrícia Freitas, extensionista da Emater-MG, essa atuação vai além da tradição: busca também a melhoria da qualidade de vida no campo. “Esse trabalho gera um aumento significativo da renda familiar, com toda a família envolvida na propriedade, que se torna uma verdadeira empresa rural, capaz de gerar renda para todos, inclusive para os jovens”, destaca Patrícia. A iniciativa reforça o papel das agroindústrias como impulsionadoras da economia local, mantendo vivas as tradições culturais e promovendo o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais.

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