A importância de ser sincero com nossos incômodos

Reflexões sobre o direito da criança e as reações sociais
Résia Silva de Morais | Fotos Leandro Silva | Divulgação
Na sociedade atual, muitas vezes somos levados a acreditar que mostrar desconforto ou insatisfação é sinal de fraqueza ou de um desequilibrio emocional.
Porém, é importante questionarmos essa percepção. O direito de expressar o que nos incomoda, longe de ser algo a ser reprimido, é fundamental para o desenvolvimento saudável das relações familiares e sociais.
Em muitas situações, a sociedade espera que os individuos aceitem passivamente a realidade à sua volta, sem questionar ou se opor a ela. A resposta ao desconforto, muitas vezes, não é acolhida de maneira empática, e a reação imediata é de desvalorização, como se a simples expressão de um incômodo fosse um sinal de fraqueza ou falta de controle emocional.
Essa dinâmica é particularmente prejudicial quando envolve crianças e suas necessidades de proteção, respeito e dignidade. Quando as pessoas e as instituições se fecham à essas expressões. acabam negando os direitos das crianças a serem ouvidas e protegidas de situações que possam prejudicar seu bem-estar.
É interessante observar como a sociedade, muitas vezes, reage de maneira tão reativa quando se trata de questões que envolvem limites e frustrações. Existe uma tendência de minimizar o sofrimento alheio, especialmente quando isso desafia a ideia de que todos devem “aceitar” e se submeter a uma realidade que, muitas vezes, é imposta sem empatia. Esse comportamento reflete uma dinâmica onde as pessoas estão cada vez mais reativas à ideia de não serem adoradas ou compreendidas, preferindo ignorar as dificuldades de outros, especialmente quando essas dificuldades exigem mudanças no sistema, seja ele escolar, institucional ou familiar.
A realidade de muitas famílias que buscam, de maneira sincera, proteger seus filhos de situações inadequadas acaba sendo vista com desconfiança, como se a preocupação com o bem-estar da criança fosse exagerada. Ao contrário do que muitos podem pensar, a capacidade de ser sincero sobre o que nos incomoda é um reflexo de inteligência emocional, pois envolve autoconhecimento, empatia e respeito pelos próprios limites e os dos outros.
A verdadeira questão que emerge aqui é como as pessoas estão cada vez mais reativas e menos dispostas a lidar com a negação ou a recusa, seja de uma criança, seja de um adulto. Em resumo, a sinceridade ao expressar estar incomodados e as reações de proteção dos pais não devem ser vistas como fraqueza, mas como ações essenciais para o fortalecimento das relações e Para a construção de um ambiente mais seguro, acolhedor e justo para todos. E preciso abandonar a ideia de que o incômodo deve ser ignorado e começar a aceitar que ele é uma parte natural do processo de evolução, tanto pessoal quanto social.
Résia Silva de Morais, CRP-MG 04/31203, é Doutoranda em Ciências –
UFU: Mestre em Psicologia da Saúde – UFU; Prof.”.
- Psicóloga Clinica em
TCC e Psicopedagoga – UFU: Especialista em Terapia de Casal, Familia e
Hospitalar.
