Em terra de prédio quem tem lote é rei

Marco Mello | Fotos Divulgação

Nos próximos 15 anos, quem possui lote ou aposta em projetos horizontais estará diante de oportunidades únicas

Nas últimas décadas, o Brasil vem observando uma transformação urbana acelerada, onde os grandes edifícios passam a dominar o cenário das cidades, impulsionados pela urbanização e pela busca por eficiência territorial. Estudos indicam que, em muitas metrópoles, o crescimento vertical – seja por prédios residenciais, comerciais ou mistos – já supera o aumento populacional.

Segundo o Censo 2022 do IBGE, a proporção de brasileiros morando em apartamentos subiu de 8,5% (2010) para 12,5% (2022). Enquanto isso, o porcentual de pessoas vivendo em casas diminuiu.

Estudo do WRI Brasil, que analisou dados de satélite entre 1993 e 2020, revelou que cerca de 55% do crescimento populacional das grandes cidades foi absorvido por construções verticais. Em algumas cidades costeiras paulistas, o percentual de moradores em apartamentos ultrapassa 60% – como em Santos, onde chega a 63%.

O caso de Uberlândia
O mercado imobiliário de Uberlândia tem acompanhado essa tendência. Em 2023, os lançamentos de edifícios residenciais dominavam os novos produtos lançados. Dados da Arez Inteligência apontam que, entre 2022 e 2025, cerca de 65% dos novos empreendimentos lançados na cidade eram verticais, confirmando que a maior parte do estoque imobiliário está se referindo a apartamentos, e não mais a lotes.

Por que valorizar projetos horizontais?
1 – Oferta restrita e demanda futura
Com menos loteamentos liberados – restritos por legislação e falta de espaço urbano – os terrenos disponíveis se tornam cada vez mais raros. Dados da Prefeitura mostram que, em 2022, foram aprovados apenas dez loteamentos novos. Se essa tendência continuar, em 15 anos (por volta de 2040), haverá escassez significativa de lotes urbanos disponíveis.

2 – Preferência e perfil de compra
Apesar do apelo vertical, residências horizontais oferecem espaço, privacidade e liberdade para personalização – atributos especialmente valorizados por famílias, aposentados, pessoas que querem construir sob medida.

3 – Valorização patrimonial
À medida que a oferta de lotes diminui, o preço dos terrenos tende a subir. Investir em desenvolvimentos horizontais agora pode significar ganhos expressivos de valorização nos próximos 10-15 anos.

Ainda que o cenário nacional e regional favoreça a verticalização – com 65% dos lançamentos em Uberlândia entre 2022–2025 sendo edifícios – os lotes continuam valiosos. Nos próximos 15 anos, quem possui lote ou aposta em projetos horizontais estará diante de oportunidades únicas: oferta restrita, demanda crescente por espaço e potencial de valorização significativo. Em terra de prédio, quem tem lote é, de fato, rei – e quem planejar com visão estará à frente.

Marco Mello é diretor da Arez inteligência.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.